Doce Espera: diário da mamãe e do bebê

[Conto] A Batalha dos Anjos Caídos

Olá leitores pensativos,

Hoje trago para vocês um pouco da minha escrita em forma de contos, caso você não tenha lido nada meu ainda, vou deixar links no final da postagem para você conferir. Boa leitura!



Quando Deus resolve dar uma lição à sua criação alada rebelde, 
em uma cansativa jornada por respostas que será a chave para retornar ao céu depois da queda, 
uma batalha entre anjos contra anjos será travada ao longo dos séculos.

Qual será a chave para o retorno ao céu?

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Era perto das três da manhã e Lawrence dormia tranquilamente com seu namorado no quarto dele nos fundos da casa, enquanto o vento assobiava nas frestas da veneziana anunciando que logo choveria. O clima já era frio nessa época do ano, mas o suor escorria pela face da moça.

Ninguém podia ver, mas ali fora a poucos metros de onde o casal dormia acontecia uma batalha. Normalmente o quintal era enorme e todo coberto por uma grama rasteira e verdinha, a casa ficava um pouco elevada nos fundos do terreno, em relação à rua. Porém o cenário da batalha transformava um pouco esse local.

Nuvens densas lançavam raios por toda parte, o gramado do quintal dividia espaço com pedras esculpidas com nomes e datas, algumas danificadas, outras cheias de limo, eram lápides. Retratavam um evento paralelo, mas nenhum humano podia ver.

A cada ataque e defesa durante a batalha o céu recebia um clarão poderoso que em segundos iluminava a escuridão do céu, que à noite era apenas iluminado pela luz do poste da rua estreita e empoeirada.

As espadas pareciam indestrutíveis, os escudos impenetráveis, e seus soldados invulneráveis, mas todos estavam cansados de lutar. Por anos a fio essa guerra acontecia, desde o nascimento da moça que dormia a poucos metros dali, mas ninguém iria ceder. Lutariam até morrer, alguns encontraram o descanso eterno assim.

— Ela é nossa! — ouviu-se um dos cavalheiros de capa e armadura pretas vociferar para o seu duelista de capa vermelha e armadura prata, muito cintilante.

Isso o irritou ainda mais, fazendo os ataques do time de vermelho ficarem mais fortes e o tilintar das espadas ficou mais alto.

— Você não sabe o que é melhor, por isso devemos ficar com ela! — os líderes brandiam suas espadas sem cessar, enquanto um tentava convencer o outro de quem era o melhor.

Os outros duelistas lutavam com a mesma bravura e convicção de seus líderes, mas qual deles tinha razão?

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Com a queda dos anjos do céu, depois que a estrela da manhã se rebelou, esses anjos caídos foram divididos entre os anjos da terra, aqueles que não escolheram nem Deus e nem Lucifer, e os anjos do inferno, aqueles que ficaram ao lado do diabo.

Desde então os anjos da terra vem procurando um modo de se redimir com Deus para voltarem ao seu lugar de direito, e de alguma forma eles sentem— mesmo não sabendo como— que a chave está na garota. Enquanto isso, os anjos do inferno vem tentando impedir, eles também viram algo de valioso nela, e não queriam perder a oportunidade.

Na hora do nascimento de Lawrence, uma fenda abriu-se no tempo e espaço chamando a atenção dos anjos caídos, algo que eles não viram acontecer por todos os séculos que vagaram pela terra, e até mesmo antes disso no céu.

Mesmo sem saber o porquê exatamente, eles brigavam pela alma da garota, uma maratona, e quem descobrisse primeiro, era quem sairia na frente e claramente ganharia ela.

Foi assim durante dezenove anos, uma luta que está longe de acabar. Pelo menos até ela morrer, tem a ver com o fato de ela ser A Destinada.

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Deus em sua imensa bondade lançou uma profecia, se os anjos caídos descobrissem o porquê dela ser a destinada e a manterem a salvo enquanto a profecia não fosse cumprida, eles ganhariam o seu perdão. Os anjos do inferno viram a chance de além de atrapalhar os planos de Deus e dos anjos da terra, também algo que seria muito valioso para Lúcifer, um presente para firmar sua lealdade.

Na noite dessa batalha, alguns dos anjos do inferno foram enviados até a casa de Toddy, pois perceberam a baixa guarda dos anjos protetores. São anjos do céu que protegem aqui na terra, suas vestimentas são mais resistentes e reluzentes que os outros anjos, a espada mais afiada e eles próprios mais fortes que qualquer outro anjo, são treinados para a defesa de seus protegidos contra o mal. Eles foram enviados à terra quando Lúcifer foi banido do céu com a promessa de se vingar da criação de Deus mais preciosa, os humanos. Ao menor sinal de perigo, os anjos da terra foram chamados, enquanto os anjos protetores protegiam a garota.

A única tarefa dos anjos do inferno era capturar Lawrence e a levariam para as profundezas flamejantes, onde Lúcifer habitava e governava, e fariam experimentos até descobrir o porque dela ser a escolhida, e qual a profecia.

Um estrondo muito forte chamou a atenção dos Anjos Caídos, fazendo eles pararem de lutar por alguns minutos.

Todos os anjos tem uma ligação entre si, muitas vezes usada para comunicação ou para saber a localização de cada um. Depois que um terço foi expulso do céu, para eles essa ligação ficou mais fraca em relação aos que escolheram Deus. Porém a ligação entre os anjos da terra e do inferno aumentou entre eles, formando duas novas ligações, assim como dois novos exércitos de anjos.

Esse estrondo forte foi o jeito que o deus do fogo encontrou para chamar a atenção de ambos os exércitos, e através da ligação com seus anjos ele ordenou que voltassem para casa, pois tinha muitos planos e perder seu exército em um combate como esse não estava na lista.

O líder desse pequeno exército do inferno, o anjo Gadrel, o terceiro anjo que Lúcifer influenciou a se rebelar, chamou a atenção dos seus irmãos e foram embora, um a um eles foram abrindo suas asas — cujas penas eram de aparência suja pela graça perdida, faltando algumas em vários pontos —, e alçando voo para a escuridão da tempestade acima de suas cabeças.

A batalha havia terminado, porém nenhum lado ganhara novamente, apenas recarregariam as energias para a próxima batalha. Talvez amanhã de manhã, ou ano que vem.

Os anjos da terra abaixaram suas espadas até suas bainhas, e secaram o suor da testa, estavam espalhados pelo terreno, e podiam sentir igualmente de onde estavam a energia que emanava da garota. Ela era como o sol, brilhante e cheia de calor, e eles seus planetas frios.

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E ai o que achou desse conto? Conte para nós nos comentários.

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