Nosso convidado é Luiz Felipe Amil, um jovem talento de Santarém, no Pará, que tem chamado a atenção por sua produção literária notável em diversos gêneros.
Luiz Felipe concilia a tradição clássica dos sonetos (sendo membro de academias literárias, inclusive da cadeira de Olavo Bilac) com a urgência da literatura contemporânea. Sua obra mais recente, A Cara do Paraense, é uma verdadeira galeria de contos e crônicas que capturam a alma, a luta e o estado de espírito do povo do Pará.
Nesta entrevista, conversamos com Luiz Felipe sobre o desafio de estrear cedo, a alta produtividade de seus livros, e como ele usa a literatura para registrar a cultura autêntica e os sotaques de sua região, mostrando que o Pará é, de fato, um estado de espírito.
Biografia do autor
Prefácio do livro "A Cara do Pará"
Perguntas Pessoais
[Blog Pense Repense] Você nasceu em Santarém, no Pará, e começou a carreira jovem, participando de uma antologia em 2022. Qual foi o momento exato que você decidiu que era hora de tirar seus livros da gaveta e buscar a publicação?
[Luiz Felipe Amil] A partir do momento que eu fui convidado para participar dessa antologia, eu me senti motivado e inspirado a deixar a minha própria marca na escrita, não mais como um coautor, mas sim como um autor que está em constante evolução e aprendizado.
[Blog Pense Repense] Você é membro de duas academias literárias importantes (ALCAAB e Academia Internacional de Literatura Brasileira), sendo patrono da cadeira de Olavo Bilac, um mestre do soneto. Como um escritor tão jovem concilia a tradição e o peso dessas academias com o seu estilo contemporâneo?
[Luiz Felipe Amil] Ao receber a notícia de que meu currículo foi analisado e aprovado para entrar na Academia de Letras Ciências e Artes da Amazônia Brasileira (ALCAAB), eu vi uma forma de ascensão na literatura contemporânea, vi uma forma de eu, nortista e paraense, ser reconhecido não só na Amazônia, mas em parte do Brasil pelo grau da minha escrita.
[Blog Pense Repense] Seu estilo varia entre o soneto clássico, o verso livre, contos e crônicas. Por que essa variedade de gêneros é tão importante para você, e qual deles você sente que capta melhor a sua voz como escritor?
[Luiz Felipe Amil] Essa variedade de gêneros me acompanha desde o ensino fundamental, nas aulas de língua portuguesa ao produzir textos, gosto do soneto, porque é uma mensagem de gala clássica, é a língua romântica para quem estuda a arte clássica com métrica e rima, gosto da organização com as palavras.
[Blog Pense Repense] Você já tem cinco livros digitais e um físico (A Cara do Paraense), todos publicados em um curto período. Como você organiza sua rotina de escrita para ter uma produção tão constante, e qual é a sua maior dica para manter essa disciplina?
[Luiz Felipe Amil] Primeiramente eu digo e repito, que um escritor para ele está em constante projetos e produções, exige-se muita leitura, leitura de histórias que você gosta de se inspirar e escrever para escrever os seus, sem a leitura e o cheiro de um livro físico nas mãos, não há inspiração, mas tem escritores que ao assistir um filme, também pode se inspirar no enredo para escrever um grande sucesso.
[Blog Pense Repense] Como o cenário e a cultura de Santarém/Pará influenciam o seu olhar sobre o mundo e a sua forma de transformar a vida real em literatura?
[Luiz Felipe Amil] Santarém, a famosa Pérola do Tapajós, me inspira muito com suas histórias ricas culturais e a sua elite local. Escrevo sobre Santarém, como pano de fundo e protagonista de minhas histórias, porque quero ver Santarém figurando as estantes nacionais e internacionais. Quero ver a escrita santarena no auge, no reconhecimento. Quero que o mundo veja que a nossa realidade não é a mesma pela degradada xenofobia que sofremos por ser da Amazônia.
Perguntas sobre Literatura
[Blog Pense Repense] Como você vê o papel da literatura na sociedade atual quando as pessoas passam boa parte do dia nas redes sociais vendo vídeos e memes?
[Luiz Felipe Amil] Eu vejo a literatura como um refúgio para quem ama a boa e verdadeira arte, enquanto os memes e vídeos paralelos não edificam, quem gosta de ler está buscando na literatura uma linda maneira de se expressar.
[Blog Pense Repense] Qual é a sua opinião sobre a importância da leitura para o desenvolvimento da imaginação? Como você se inspira para suas histórias?
[Luiz Felipe Amil] Então, a leitura é o remédio essencial para um escritor está em constante evolução e produção, com a leitura, meu vocabulário se expande, minha inspiração se aflora e eu tenho mais gosto em escrever e criar um personagem seja ele protagonista, vilão, ou até mesmo aquele coadjuvante que rouba a cena fácil nos meus contos.
[Blog Pense Repense] Observamos uma grande mudança nas redes sociais: saímos dos posts estáticos, passamos pelos carrosséis e, hoje, o foco são os vídeos curtos. Qual foi o momento que você percebeu que precisava fazer essa transição de formato na sua divulgação e como isso impactou a forma como você se conecta com seus leitores?"
[Luiz Felipe Amil] Eu acho que foi quando eu recebi inúmeras sugestões de leitores colegas meus para eu fazer mini reels no Instagram para divulgar minhas poesias nem que fosse só um poema ou um trecho de uma crônica, mas sem temer ou hesitar, eu aceitei essa inovação de sair do papel e ir para a mídia, as pessoas precisavam ver o escritor recitando algo seu de sua autoria. Isso me impactou de forma positiva, as pessoas pediram mais e sempre que posso, posto um reels recitando algo meu.
[Blog Pense Repense] Existe algum autor ou autora brasileira contemporânea que você admira e que, na sua opinião, está fazendo um trabalho excepcional ao trazer temas atuais para a literatura?
[Luiz Felipe Amil] Na minha opinião, o escritor baiano Itamar Vieira Júnior, tenho uma reverência forte por ele, um carinho enorme, quero muito um dia conhecê-lo, ler suas obras de grande sucesso regional como Torto Arado e Salvar o Fogo, esse homem vem fazendo um trabalho belíssimo em suas obras da literatura brasileira contemporânea e ele me inspira muito a escrever os contos e romances regionalistas. Itamar descreve o cenário da sua terra a Bahia, e eu Luiz Felipe Amil escrevo sobre a minha, o Pará dos açaizeiros e do caboclo sonhador.
[Blog Pense Repense] Qual conselho você daria para jovens que desejam se tornar escritores?
[Luiz Felipe Amil] Eu diria que, se você gosta de fazer arte com a escrita, vá em frente, não importa o que vão dizer, as críticas vão vim sim, mas se você tem um grande amor pela escrita, não pare nunca, porque quando você mais precisar, é a sua arte que caminhou do seu lado, que estará com você até nós momentos ruins. Eu fiz do limão dos problemas da infância e da adolescência, uma limonada artística de palavras expressivas.
Perguntas sobre Livros em Geral
[Blog Pense Repense] Qual foi o último livro que você leu e por que o recomendaria?
[Luiz Felipe Amil] O último livro que li foi O Hobbit, do meu ídolo e renomado Tolkien, a arte de Tolkien me chama muito a atenção na essência e na fidelidade do Elfos, assim como o filme do Senhor dos Anéis, muito fiel ao enredo escrito por Tolkien. Eu recomendo muito a ficção mística, a aventura para escritores iniciantes lerem, principalmente as obras de J.R.R Tolkien.
[Blog Pense Repense] Você é um leitor assíduo de livros digitais ou prefere os livros físicos? E, falando de consumo pessoal, como você organiza seu orçamento ou sua forma de receber/comprar livros para dar conta de tantas novidades?
[Luiz Felipe Amil] Eu geralmente, prefiro os livros físicos, raramente eu leio os digitais, quando busco um livro digital tanto leitura obrigatória da faculdade quanto livros de literatura, eu prefiro imprimir, pois me ajuda na leitura e me auxilia com mais vantagem na compreensão. Mas se um amigo meu, colega escritor ter apenas a versão digital do seu livro, eu não nego, aceito, compro para imprimir, encadernar e ler com muita honra.
[Blog Pense Repense] Qual é o seu gênero literário favorito para ler quando está de folga, e por que ele te agrada tanto?
[Luiz Felipe Amil] Eu gosto muito de ler romances do estilo literário do romantismo, Senhora, A Escrava Isaura e Iracema, fazem parte desse meu panteão de histórias literárias já lidas e relidas que eu indico, o romance brasileiro é lindo, a nossa identidade tupi guarani que girava em torno da escravidão e da colonização europeia, fincaram as raízes para deixar registradas as histórias e origens do nosso povo.
[Blog Pense Repense] Quais são os três elementos que, na sua opinião, um livro precisa ter para ser considerado "perfeito" ou uma leitura obrigatória?
[Luiz Felipe Amil] Na minha opinião, primeiramente um livro deve ser composto por um enredo coerente, demonstrar qual o assunto do livro a ser tratado. Segundo, um bom autor requer escrever um bom personagem, independente do contexto a ser tratado, seja um personagem melancólico ou colérico que não leva desaforo para casa, um bom personagem requer um bom contexto literário, tem que ter tudo haver. E por último, o escritor tem que ter a mente dos seus leitores, se perguntar: Onde e em qual emoção humana isso vai tocar profundo? O escritor não deve ser egoísta em escrever numa página para si mesmo o que está sentindo, no meu ponto de vista o escritor escreve para os outros, deve ter isso em mente, que se quer um livro fora da gaveta, a linguagem do locutor, o eu lírico, tem que estar de acordo com o receptor que vai ler o seu enunciado.
[Blog Pense Repense] Se você pudesse recomendar apenas um livro (que não fosse seu) que todo aspirante a escritor deveria ler para entender melhor o ofício, qual seria e, mais importante, o que ele ensina sobre a arte de escrever?
[Luiz Felipe Amil] O livro que vou indicar agora ele não é só para estudantes de Letras nem é um livro clássico da literatura, mas é uma leitura obrigatória, apesar de ser um artigo científico muito extenso e de difícil compreensão, eu recomendo ele para todo jovem escritor ler, seu nome é A Poética Clássica de Aristóteles, tem uma escrita acadêmica muito bem estruturada, e enfatiza a arte de escrever baseada nas vivências da antiguidade.
Perguntas sobre o Livro
"A Cara do Paraense"
[Blog Pense Repense] Seu livro reúne contos, crônicas e narrativas que celebram o "estado de espírito" do Pará. Se você pudesse escolher apenas uma dessas histórias para resumir a essência da obra, qual seria e por quê?
[Luiz Felipe Amil] Eu escolheria o Conto Cafezal, esse conto tem um forte significado pra mim, eu acho que ele levaria a minha obra muito longe, é um conto sobre a juventude de minha avó materna Dona Lindete, e uma desilusão amorosa que ela teve no passado, um desencontro do destino que lhe deu como fruto uma linda filha (minha tia professora Lindomar), as desilusões amorosas no Pará até hoje ainda são comuns.
[Blog Pense Repense] O prefácio diz que sua obra mostra a alma do povo paraense, com personagens que ganham vida com "sotaques autênticos, paixões ardentes e conflitos profundos". O que é mais importante para você: a fidelidade aos fatos reais ou a força da emoção na ficção?
[Luiz Felipe Amil] Os fatos reais são importantes para manter um livro impactante, mas a força da emoção na ficção também ajuda a manter sua obra bem falada, muito procurada. Acho que se eu focasse em relatar apenas os fatos reais, sem uma dose inteira de ficção, meus contos não teriam muito o que retratar.
[Blog Pense Repense] Como escritor jovem, você está registrando a história e as tradições orais da Amazônia brasileira. Você sente a responsabilidade de ser uma voz da sua geração ao documentar essa cultura paraense?
[Luiz Felipe Amil] Sim, eu me sinto como uma voz amazônica de grande importância para o cenário cultural da minha cidade e do meu estado. Afinal a cultura do estado berço da Cabanagem precisa ser registrada.
[Blog Pense Repense] Seu livro é o primeiro que você publicou no formato físico (Clube de Autores, 2025). Qual foi a principal diferença na sensação e no processo de publicação deste livro em relação aos seus livros anteriores, que eram digitais?
[Luiz Felipe Amil] Digamos que sou um pai de livros muito feliz com o conteúdo que eu publico, agora meu filho mais novo de muitos ainda que virão em formato físico A Cara do Paraense, tem me dado muito orgulho, pois era meu sonho publicar um livro físico, mas eu não tinha condições, ao conhecer a editora Clube de Autores eu fiquei empolgado: “Nossa um sonho agora vai se tornar realidade”.
[Blog Pense Repense] O título, "A Cara do Paraense", sugere que a obra é um espelho das pessoas da sua região. Qual a sua maior esperança com este livro? O que você espera que um leitor de outra parte do Brasil (ou do mundo) sinta ou entenda sobre o Pará ao terminar a leitura?
[Luiz Felipe Amil] Minha maior esperança com a publicação dessa obra maravilhosa que eu tive a honra de escrever na correria, nas madrugadas, nos momentos de solidão e de alegria é que, eu desejo ver o Pará nas prateleiras da humanidade, sendo desbravado através da minha escrita o real significado que é entender as origens, mostrar que o nosso povo é rico em saberes populares, gastronomia e cultura.
Uma apelo pelo conhecimento das nossas raízes
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