Olá leitores pensativos,
Hoje trago um livro muito especial para a resenha, pois mesmo em ficção, ele traz uma reflexão profunda sobre a realidade do nosso amado país. Um romance de Michelle Louise Paranhos que vai te prender a atenção do início ao fim e fazer você revelar todos os seus enigmas antes de dormir, risos.
Sinopse
Dizem que uma maçã podre colocada em um cesto possui o poder de apodrecer todas as outras.
O que causa o apodrecimento da maçã? Seriam as condições ambientais ou a natureza da mesma? Ou seria a conjugação desses dois fatores?
Rui Castro, presidente da Câmara Legislativa, foi indiciado na operação federal criada para desmantelar a corrupção na pacata cidade de Acácias. Em defesa de Castro, surge a figura controvertida do advogado Vincente Guarnieri.
Inimigos confessos, Castro e Guarnieri agora caminham lado a lado com o compromisso de lutar pelo bem público enquanto, às escondidas de todos, prejudicam as investigações protegendo seus interesses pessoais.
A população acompanha o desenrolar dos fatos tomando partido nas discussões que convulsionam a cidade, sem dia e hora certos para acontecer, gerando caos onde existia paz e harmonia.
A corrupção é uma escolha pessoal ou uma doença social? Se for doença, existe cura para a corrupção? Qual o impacto desse Mal Social na vida de cada indivíduo?
Nade contra a correnteza desvendando as origens do rio de lama que soterrou a cidade e se transforme numa importante testemunha ocular deste caso.
Categoria: Romance
Gênero: Realismo contemporâneo, ficção
Número de páginas: 345
Edição/Ano: 1ª Ed./2018
Formato: E-Book
Estrutura
A colheita é uma obra de realismo contemporâneo que aborda temas sobre a sociedade e a política brasileira. A autora relata detalhadamente cada pauta utilizada para transcrever os fatos como, por exemplo, a vida dos personagens que moram próximo ou em comunidades, e seu envolvimento com elas (corrupção, tráfico e outros males), em um estudo psicológico e social dos envolvidos, sendo assim uma leitura complexa, por isso é preciso se agarrar a leitura para entender completamente o desenrolar dos fatos.
O romance de 345 páginas é dividido em duas partes, a primeira com dezenove capítulos e o segundo com vinte e dois capítulos. A primeira parte é narrada em terceira pessoa, o que é fundamental para desatar a teia de personagens e o papel de cada um na trama. Já na segunda parte há uma certa confusão de narradores, no princípio é narrado em terceira, e conforme a leitura vai avançando alguns personagens narram seu ponto de vista — que são cruciais para entender melhor a história —, porém isso não é especificado e fiquei confusa com a mudança de narrativa e sem saber quem narrava.
Michelle, a autora, explica com detalhes em modo fictício, porém de forma clara, sobre muitos problemas sociais e políticos sem romantiza-los até citando exemplos reais como forma de comparação com a realidade, trazendo veracidade para os fatos apresentado, inclusive dados de pesquisa e citações de psicólogos e outros estudiosos.
Apesar da confusão na narrativa, a trama em si é muito bem escrita em uma profundidade incrível que eu jamais li em outros livros de autores nacionais, tanto na personalidade e psicologia de cada personagem, quanto nos fatos e acontecimentos. Digo até que Michelle é corajosa em escrever sobre tal tema em época de eleição, vejo como se ela quisesse pegar as coisas que estão no fundo do baú, enquanto a maioria quer enterrar e esquecer, a autora desenterrou e deixou exposto a sujeira que assola nosso país há anos.
Após terminar a leitura senti um torpor momentâneo absorvendo todo o conteúdo, era muito para se processar, muitos enigmas se concluindo e o que parecia ser no final das contas não era, e aquilo que estava escondidinho e sem importância mostrou ser a peça chave para a essência da história.
A Colheita, uma história que me chocou de diversas formas diferentes, me mostrou realidades distintas da que eu sempre conheci e me ensinou muito mais do que livros de história (como disse para a autora uma vez, risos).
"Eu me senti lendo um livro de história,
mas com a história que não é contada nos livros comuns".
Mesmo sendo uma leitura diferente do que estou habituada a ler, está sendo um grande desafio por vários motivos e estou conseguindo vencer chegando até o fim, como a autora me disse, é uma obra com um tema pesado e isso era palpável em cada novo drama apresentado. É uma obra que posso esquecer os detalhes, mas que me marcou muito, assim como Tsara, romance da autora.
Capa
A imagem escolhida para a capa descreve muito bem a sinopse, sobre aquela metáfora de que uma maçã podre contamina as outras, e descreve muito bem a trama em modo geral, porém se trata de uma montagem simples com borda preta, e poderia ter sido melhor elaborada.
Nota de leitura
Confesso que fiquei chocada com alguns acontecimentos e eles só me fizeram refletir sobre as pessoas e seus atos, estava "na cara" que não era boa pessoa e comemorei com um "eu disse" quando a máscara caiu apresentando uma face podre.
Uma das coisas que mais tenho medo é confrontos, deixo de assistir telejornais e sensacionalistas por esse motivo, mas não tem como fugir da realidade de muitos brasileiros nessa obra tão bem escrita e descrita.
Eu acreditava que se para ser político deveria ter um estudo mínimo, talvez não acabasse com a corrupção e afins, mas ajudaria em uma melhor administração do nosso país, mas ao terminar essa leitura eu aprendi de onde vem a corrupção, e acredito não ser tão fácil eliminar de nosso sistema, mas sim diagnosticar o mal desde o começo e tratar dele para que não vire um apodreça a colheita (a sociedade).
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Biografia
Michelle Louise Paranhos é professora aposentada do município de Itaguai - RJ. Natural do Rio de Janeiro, capital, mas reside há 25 anos no município de Seropédica, no interior do estado. Apaixonada por música clássica, lecionou piano para crianças.
Possui publicados os seguintes livros: Ponto de Ressonância (2014); Mulato Velho (2015); Coisas de Lorena (2016); Tsara-Ir até o fim do mundo e depois voltar (2017); Blog3k-Trollados pela Vida Adulta (2018); Em busca de mim em co-parceria com a autora e psicóloga Rosemari Gindri; O conto O sopro do Dragão (2018); A Colheita - Todo Homem tem o seu preço; Para segundo semestre de 2019 está previsto o lançamento de Amor Mais que perfeito e um livro infantil, inédito.
É coordenadora da semana infanto-juvenil do Festival de Literatura e Artes Literárias-FLAL; Participou como autora das cinco edições do evento e como integrante da equipe desde a 4 edição. Gosta de ler e escrever diferentes estilos literários , em especial no estilo Realismo Contemporâneo e subgêneros variados como comédia dramática, Realismo mágico; Sempre com romances onde o Realismo se faz presente lado a lado com a magia e/ou fantasia.
Curiosidades
Eu preparei um material especial que será postado em outra categoria intitulado Curiosidades, leia.
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