Desfile de Moda Memorial Maria Gloria

Hoje é o primeiro aniversário da minha querida avó Glória sem ela e queria fazer algo especial. Então eu e minha prima organizamos um "Desfile de Moda" com fotos de roupas que ela fez.

Minha avó, uma talentosa costureira, nos deixou um legado de amor e criatividade em cada peça que confeccionou. Para homenageá-la, transformamos seu perfil no Facebook em um memorial virtual, onde amigos e familiares podem compartilhar suas memórias. Aqui no blog, quero dividir com vocês um pouco desse universo mágico, mostrando algumas das peças que ela fez especialmente para mim. Através dessas criações, podemos apreciar seu talento e sentir um pouco da sua presença.

2008 - Quero compartilhar meu vestido de 15 anos (o vestido rosa de cetim). Não foi só especial por ser a minha festa de debutante, mas também minha avó que fez meu vestido de debutante. Amo demais e nunca esquecerei. Se não me falha a memória, foi feito com o mesmo tecido ou parecido com o da minha mãe Gilmara Salvador Nunes, no aniversário de 15 anos dela, que também foi feito pela vó.



2009 - Para minha formatura do ensino médio minha avó fez o vestido cinza, eu escolhi o modelo e ela escolheu o tecido que ficaria melhor. Anos depois minha avó perguntou do vestido e eu falei que não servia mais 🫣 então com alguns retalhos que ela tinha guardado (por mais de 10 anos) o vestido foi reformado e usei no dia em que apresentei meu marido para a família (foto de casal).



2017 - Um certo dia minha avó perguntou se eu tinha alguma jaqueta e eu respondi que bonita pra sair não, ai ela disse tinha alguns tecidos e me mostrou um que era para blaser (o cinza escuro, com flores), e eu amei, pq ficou bem cinturadinho e o ombro estilo "bufante" que eu queria. Esse tenho diversas fotos, porque usei em muitos lugares, por ser de uso geral e não como o vestido de festa.



2019 - Alguns anos depois, ela novamente me pergunta se tenho roupar para ir na festa dela (festa de bodas de casamento e aniversário do Vô José), ai falei o que eu tinha para ir e é até hilário, porque jaqueta ou blaser eu não tinha novamente! Então lá vai ela escolher o tecido e fazer outro blaser (o cinza claro sem estampa). Meu corpo havia mudado então o outro blaser já não me servia mais.

Não me recordo exatamente quando foi, mas nesse mesmo ano certo dia ela me mostrou "olha que tecido lindo esse" eu concordei e perguntei o que dava para fazer com ele, e ela pensativa "acho que só um colete, tu usa colete?" eu sempre gostei de colete, mas nunca tive um. Ela colocou ele em mim segurando uma ponta no ombro "da pra fazer ele mais compridinho para tapar a bunda e eu tenho um botão bem lindo que vai combinar", ela pousou o tecido em cima da mesa e buscou pela caixa de botões "esse aqui vai ficar perfeito, só tenho um, mas só preciso dele mesmo.

Olhando aqueles botões desbloqueei uma memória de infância. Aqueles botões eram realmente um problema, porque sempre estavam misturados em uma gaveta acoplada à mesa da própria máquina de costura dela. Em um dia de tédio, despejei tudo em cima da mesa e fui juntando em montinhos, tipo escolhendo feijão, e unindo os iguais por um fio dava para perceber que uns tinham "família", outros eram pares e poucos solitários. Por fim, anos depois percebi que alguns ainda estavam ali, unidos pelo fio.

Eu e minha mamys na praia

Há diversas outras coisas que ela já fez para mim, como uma bolsinha azul. Longe de estar na moda, eu apenas gostei da estampa quadriculada e do tom azul escuro que eu sempre gostei, fechado por um ziper simples e uma alça de viés de âncora náutica bordada no mesmo tom da bolsa. Uso muito, inclusive o intuito era para guardar meu HD externo quando fora de uso para não pegar pó, e hoje uso para tudo, guardar minhas canetas e remédios e levar para o trabalho.

2020 - Sempre que ia visitar meus avós meus doguinhos sempre iam junto e um dia frio minha avó viu que a roupa da Julieta estava surrada e descosturada ela reformou a peça e ainda fez outra a partir daquela. Outra coisa que a Julieta ganhou foi uma almofada para dormir que ela reformou de uma capa de sofá.



Julieta com a roupinha reformada

Julieta com a roupinha nova

Incrível como os cachorros sentem, no tempo em que meus avós moraram com a gente enquanto a casa deles estava sendo construída, a Julieta que sempre dormiu no mesmo quarto que nós, durante esse tempo ela sempre dormia no pé da cama deles e mesmo a gente chamando ela ignorava e ficava no canto dela com um olhar "eu vou ficar aqui cuidando da vovó e do vovô". E depois sempre que íamos na casa dela não podia falar "vamos na casa da vovó?" que eles já corriam para o carro e chegando lá a festa era certeira.

Princesa Julieta no seu trono majestoso que a vovó fez para ela

No final do ano, tive a ideia enquanto decorava meu setor na empresa para o natal, de fazer roupinhas de mamãe Noel. Comprei o tecido e consegui o molde com uma colega do trabalho e a vó costurou dois aventais vermelhos para irmos na festa da família. Ainda estou pesquisando se há registro para mostrar aqui para vocês, não imaginava que seria a última coisa que compartilharíamos juntas e logo depois ela se foi.

No natal eu usei o meu avental


Procurando por modelos nas revistas que ela tinha compartilhamos desses momentos juntas "consegue fazer a alça assim?", "eu queria o ombro desse jeito, vai ficar legal?", e ela marcava a página da revista e anotava as medidas na agendinha de couro preta que qualquer um deve lembrar. E são essas lembranças que trazem um pouco de conforto da sua ausência...

Te amo vó 🖤 Feliz Aniversário!

#MariaGloriaSalvador #EmHomenagem #CostureiraDeCoracao

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