Lembro que quando era criança eu gostava de ler a cartilha da auto escola que minha mãe fazia. Eu queria muito ser uma motorista quando crescesse, era meu maior sonho, mesmo sem entender como um carro funcionava, porque era muito confuso para mim aquele câmbio que a toda hora ia para frente e para trás. Pensava comigo que seria bom existir um carro que só acelerasse e freiasse, mal sabia eu que esse tipo de carro já rodava por aí e que o dirigiria no futuro.
Eu passava horas folheando uma revista velha que eu tinha sobre carros escolhendo qual modelo queria ter quando fosse adulta, estudando planilhas de desempenho de cada modelo que eu não fazia ideia do que era bom ou não. Na época, com cerca de sete anos, meu favorito era um modelo do leão que estava em alta, era pequeno, fofo e o design me agradava. Quando jogava meu jogo favorito de carros sempre era o primeiro modelo que escolhia, depois o H — minha terceira opção. Analisando aquelas planilhas que comentei a pouco, o sedã japonês me parecia melhor, pois estava sempre em destaque, então era uma dúvida cruel.
Conforme fui crescendo muitos gostos mudaram, pensamentos e situações me fizeram diferente de quando criança, mas esse sonho nunca me abandonou, mesmo quando o universo pega nossa vida e vira do avesso! Sério, às vezes parece que o universo nos odeia e faz de tudo para que aconteça ao contrário. Eu tinha doze anos quando eu e minha família sofremos um grave acidente de carro, saímos sem maiores lesões. Uma caminhonete bateu no carro atrás de nós, que por fim bateu em nosso porta malas bem atrás de mim, e deu perca total em ambos. Um enorme porta malas me separava do impacto, mas não foi isso que me assustou, o que realmente ficou marcado no meu subconsciente era que uns dias antes nosso carro era outro e com um porta malas muito menor. Fiquei traumatizada ao ponto de desistir do meu maior sonho, tanto que meus dezoito vieram e eu nem cheguei perto de uma escola de motoristas. Eu tremia dos pés a cabeça só de entrar em um veículo, meu corpo gelava a qualquer freada brusca, mesmo que sem perigo, e foi assim por anos.
A medida que a vida passava me senti covarde por deixar o medo me abater sem nem ao menos tentar lutar, então peguei o pouco de coragem que tinha e me inscrevi nas aulas. Mesmo morrendo de medo, fui assim mesmo —dopada de suco de maracujá, inclusive — e prometi a mim mesma que se conseguisse tirar minha carteira seria uma ótima motorista.
Hoje já fazem sete anos que sou habilitada e meu maior orgulho é ter vencido o medo de acidente de carro e ter conseguido ir até o fim das aulas, realizando um sonho de infância.
Conto Dirigindo um Sonho por Aline Duarte, 20/08/2020.
0 Comentários
Primeiramente obrigada pela visita, se expresse sobre essa postagem deixando o seu comentário aqui:
- Por favor, comente sobre a postagem;
- Se você tiver um site, blog, etc, não comente apenas "seguindo, segue também?", comente sobre a postagem e deixe o link, saiba como aqui, se eu gostar, eu sigo;
-Não aceito comentários ofensivos, apenas construtivos;
-Todo comentário obsceno, ilegal, ofensivo e/ ou escrito todo em letra maiúscula, será apagado
-Se precisar de ajuda, procure deixar o máximo de informação possível;
Se você gostou do blog, ajude a divulgá-lo, é simples! Obrigada pela visita ♥