Doce Espera: diário da mamãe e do bebê

[Contos de Junho] Amor Guardado por Aurora Welsh

Olá Leitores!

E inicia hoje a Semana de Contos de Junho! E sob o tema romance, vamos conhecer a história de Pedro e Ronaldo. Quantas pessoas que conhecemos que são escravas de suas vidas sem felicidade? Se não nós mesmos? E por que não arriscar uma vida nova com felicidade? Qual o empurrãozinho que você precisa para ser feliz?

Amor Guardado

Pedro tinha duas escolhas na vida, seguir o caminho que o próprio pai escolheu ou ser feliz. Infelizmente, ele escolheu o caminho que o pai designou, trabalhando em uma empresa, cerca de doze horas por dia, feito um condenado. 

Pedro não era feliz, claramente. Ele se sentia vazio, sem vontade de viver. A cada dia em que ele virava as costas para seu verdadeiro eu, ficava um passo mais perto de um abismo sem volta. Sua vida se resumia em ternos, gravatas, sapatos caros e documentos aparentemente importantes. 

Ele era moreno, com a pele parda, olhos castanhos escuros, cabelos cacheados sempre bem arrumados e aparados para manter a elegância. A barba, sempre muito bem feita ou quando grande, aparada devidamente. Lábios finos e bem desenhados, queixo quadrado. Um verdadeiro galã de novela. 

Dez anos se passaram naquela rotina infeliz, Pedro se casou, tendo uma filha que agora tinha três anos. A menina fazia Pedro se sentir mais feliz, um pouco mais vivo e talvez, o afastasse um pouco de seu abismo pessoal, mas não era uma coisa exatamente certa, ele ainda se sentia distante de si mesmo. 

Durante uma entrevista para novos empregados, Pedro conheceu Ronaldo. 

Era um negro alto e musculoso, que tinha vindo do exercito para prestar serviços como segurança particular depois da sua dispensa por incapacitação. Ronaldo tinha traços africanos fortes, como os lábios grossos, os olhos pretos e um queixo um pouco redondo com a mandíbula quadrada, era lindo. 

Durante a entrevista, Pedro sequer entendia o que Ronaldo estava dizendo. A voz dele parecia mais uma melodia do que palavras diretas. Ronaldo também parecia distante, pensativo, porém fora contratado no mesmo dia. E feliz, começou a trabalhar na manhã seguinte. 

Os meses que se passaram depois de Ronaldo aparecer foram os melhores da vida de Pedro. Só de ver o homem todos os dias já lhe deixava mais feliz. 

Infelizmente, na festa da empresa no fim de ano, Pedro conheceu a esposa de seu segurança e soube que Ronaldo tinha gêmeos. Ronaldo também não pareceu muito feliz com a descoberta de que Pedro era casado. 

Nos dias que se sucederam, ambos começaram a se olhar estranho, trocavam olhares tristes, difusos. Pedro não entendia exatamente o que estava sentindo. Toda a sua vida tinha sido regrada desde seu nascimento e agora, aquela súbita vontade de quebrar as regras. 

Era quinta feira, véspera de um feriado que se prolongaria todo o carnaval, a empresa já estava vazia, pois Pedro mandou todos para suas casas mais cedo por conta do transito. Só estava ele. Ao menos pensou que seria somente ele. Revisava documentos, papeladas sem fim, eram montanhas daquilo em sua mesa. Cansado, bebendo café forte e amargo a cada vinte minutos, Pedro começou a ficar com dor de cabeça. 

Ele olhou em volta. Não queria ir para casa e seu celular estava sendo bombardeado por mensagens de ódio da esposa enfurecida, não queria discussões quando chegasse em casa. Não queria nem olhar para a cara antipática de sua mulher. Por outro lado, sua menininha também estava em casa, mas quase meia noite com certeza já deveria estar dormindo. 

Levantando, Pedro saiu da sala uma última vez, indo beber uma água antes de se jogar no sofá de sua sala e dormir até sexta feira à noite. Foi quando deu de encontro com Ronaldo, que segurava seu próprio travesseiro. Eles se assustaram e depois daquele momento, notaram o quão merda estava sendo a vida do outro em casa. Pedro o convidou para irem até a sacada do escritório beber uma cerveja, pois mereciam muito. Os celulares não paravam de vibrar. Duas mulheres enfurecidas com seus maridos ausentes e tristes. 

Naquela noite, eles conversaram sobre tudo, trocaram ideias, opiniões. Pedro sorria como nunca antes e Ronaldo mostrava um brilho no olhar que era impossível de não reconhecer. 

Era como se duas estrelas que já perdiam seu brilho queimassem mais uma vez, com uma chama tão intensa que seria impossível apagarem novamente. 

Depois de algumas cervejas e outras bebidas que Pedro tinha em seu bar pessoal, ambos bêbados começaram a falar verdades. Disseram o quanto se arrependiam da vida que levavam. Pedro confessou que não sentia nada pela esposa, que transava por obrigação e ela também o fazia só pelo dinheiro e isso ficava bem claro. Nunca se amaram. Infelizmente, para piorar, tiveram uma filha que claramente teria muitos problemas quando chegasse à adolescência, com uma mãe alienada e interesseira e um pai que vivia no trabalho, pais que se odiavam. 

Ronaldo confessou que sentia falta do exército, sentia falta do trabalho que exercia lá. Ele contou que não estava em campo, mas ajudava na enfermaria até que descobriram que tinha quebrado o joelho e não podia mais correr. Ronaldo, tanto quanto Pedro, não amava mais a esposa. Não sentia atração por ela. Amava seus filhos, mas sabia que a mulher sumiria com eles caso se separassem. 

E com ambos naquela situação, próximos, exaltados e bêbados, se beijaram. Começaram a se beijar como um casal apaixonado e adolescente, que não tinha responsabilidade ou imagem a zelar. Esqueceram-se do mundo ao redor e uma ponta de felicidade reluziu nos dois. Eles se entendiam, davam certo. 

Naquela noite, souberam que eram Gays. Uma cria do exercito, que sequer teve tempo de experimentar a vida e se casara com 17 anos, com a primeira menina com quem transara. O outro era cria de um pai ruim, de uma mãe alcoólatra e que seguia todas as regras para sobreviver ao caos que era sua vida. 

Os dois em um abismo, eles se encontraram durante a queda e escalaram as paredes juntos, aparando-se antes de cair. Os olhares apaixonados, suspiros. Sorrisos, toques. 

Naquela noite, aconteceu tudo de uma vez só. O beijo se tornou mútuo. Toques foram trocados e quando se notaram, estavam nus, em cima do sofá da sala do diretor da empresa, em cima do sofá onde Pedro recebia sua esposa vez ou outra. Tocavam-se de maneira sexual, nunca tinham feito nada parecido antes e agora tudo estava indo muito rápido. 

Gemidos sofridos foram emitidos pela boca de Pedro, que apertava o assento do sofá enquanto se sentia sendo penetrado, sentia prazer de verdade e como nunca antes. Ronaldo soltava urros e gemidos graves a cada vez que ia e vinha em Pedro, ejaculando dentro dele. 

Após aquela noite, aconteceram mais vezes. Começaram a se encontrar em hotéis, pousadas, Pedro viajava a trabalho e levava o segurança consigo todas as vezes, falando que era para sua segurança, já que era um homem importante. 

Nos anos seguintes, Pedro teve coragem de pedir o divórcio, deixando casa, carro e uma pensão bem gorda para a ex- esposa. Teve coragem de contar para sua filha o que estava acontecendo. A menina, que tinha seis anos na época, abraçou o pai e lhe disse que se ele amava de verdade e estava feliz, ela também ficaria feliz. 

Infelizmente Ronaldo não teve essa mesma sorte. Divorciou-se da esposa na mesma época que Pedro e recebeu todo o apoio do mesmo. A família de Ronaldo era muito religiosa e não acreditavam que estava se divorciando. Os filhos do mesmo foram levados pela mãe para outra cidade, onde a mãe e os avós falavam que Ronaldo era uma pessoa ruim. Apenas um deles manteve contato com o pai, pois também era diferente dos outros garotos, mais tarde, sendo posto para fora de casa pela mãe e indo morar com o pai, que agora, vivia junto com Pedro. 

Estavam todos reestabelecidos depois de quatro anos de relacionamento, viajaram para o exterior, onde se casaram e o filho de Ronaldo fora a testemunha. A filha de Pedro também estava lá, feliz da vida pelo pai estar casando e sendo feliz pela primeira vez. 

Depois tiveram alguns altos e baixos, claro, como em qualquer relacionamento, mas nunca se largaram pelo motivo de se amarem de verdade, terem salvo um ao outro do abismo depressivo que os levaria para a morte. 

Aurora, como está pensando, é apenas um pseudônimo. Adolescente de 17 anos, escrevendo ha quase dez anos. Como a maioria dos escritores, começando a escrever por conta de alguns problemas sociais e sentimentais, mas hoje escreve por prazer pela escrita e criação de histórias.
Possui quatro livros postados no Wattpad (Atualmento pondo em pauta o quinto, seu terceiro romance). O primeiro se trata de um romance LGBT; O segundo é tambem um romance, porém nada romantico, como costuma dizer, se tratando de tudo que acontece ao redor da protagonista, dona de um grave problema de saúde (nada a ver com A Culpa é das Estrelas); O terceiro é um livro de ficção geral, misturando um pouco de tudo e principalmente assuntos polemicos, apresentando um mundo completamente novo, com seres novos e mitologia prórpia; O ultimo e não menos importante é um livro de cunho pessoal, dito cujo ganha informações novas todas as vezes que pensa em algo polêmico relacionado ao assunto do livro. 

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