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🔞O conto de hoje contém cenas de sexo ou violência, proibidos para menores 🔞
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Tem poucas coisas na minha vida das quais tenho a certeza de jamais esquecer. Uma delas foi o que aconteceu com Johnny e Zélia naquela noite de trinta e um de outubro. Eu me lembro pouco dele, um rapaz branco, estatura mediana e com belíssimos cabelos cacheados que atingiam a linha da cintura. Johnny não era seu nome de batismo, mas nunca nenhum de seus amigos soube a verdade sobre esse ponto.
No início da tarde daquele dia maldito Johnny chamou Zélia e eu para tomarmos vinho e nos divertirmos um pouco à noite. Nós três sabíamos que isso era eufemismo para sexo, mas nos dávamos tão bem na cama que eu não reclamava de ter que dividir um homem com minha melhor amiga. Dessa vez ele disse que nos faria uma surpresa, mas o tom estranho de sua voz fez os pelos de meu braço arrepiarem. Aceitei o convite mesmo assim, nós três trocamos beijos antes de cada um ir para sua casa e realizar as tarefas vespertinas a tempo de nos encontrarmos na casa dele como sempre, já que ele morava sozinho.
Apesar do arrepio eu passei a tarde excitada. Johnny foi um dos poucos homens que me fez sentir o prazer do orgasmo, e, embora ele fosse carinhoso e delicado em cada gesto e posição, seu talento e magnetismo pessoal eram suficientes para me reduzir a quase uma escrava sexual das vontades dele. Tentei me acalmar me masturbando, mas não foi o bastante. Eu sentia seu pênis pulsante em mim, eu queria aquele pênis em mim. Minha calcinha estava tão molhada que se eu a torcesse certamente pingaria. Tomei metade da garrafa de vinho que eu levaria para o encontro, e somente depois da tontura leve do álcool invadir minha mente eu consegui me concentrar nas minhas tarefas.
Foi uma tortura esperar o início da noite. Liguei para Zélia vir me buscar em casa, pois eu havia bebido e não queria dirigir. Ela foi solícita, e enquanto ela nos levava para a casa de Johnny eu retribuí a gentileza alisando suas pernas e partes íntimas por baixo de sua saia e me maravilhando em perceber que ela estava sem roupa íntima. Seu riso nervoso revelava o quanto ela gostava e estava ficando excitada com minha ousadia. Houve um momento que ela precisou parar o carro e deixar o orgasmo vir. Eu nunca falhei em fazê-la sentir esse tipo de prazer, e esse era um dos meus orgulhos pessoais.
Johnny nos esperava em frente a sua casa quando chegamos. Sempre sorridente, fumando, parecendo um Pilintra gótico, o canalha adorável. Em vez de abrir a porta para sairmos do carro, como ele sempre fazia, ele abriu a porta de trás, jogou sua mochila lá e entrou. Olhamos curiosas para ele, e Johnny simplesmente disse para Zélia dirigir até um endereço específico – segundo ele, fazia parte da surpresa. Olhei para minha amiga e demos de ombro, aceitando obedientes o comando dele como sempre fazíamos. Eu pulei para o banco de trás para beijá-lo e provocá-lo enquanto Zélia dirigia e assistia pelo retrovisor.
Chegamos ao endereço após uma hora. Era um muro longo e baixo com grades de barras para aumentá-lo, mas até eu, desajeitada como sou, conseguiria pulá-lo se necessário. Johnny, que acabara de ejacular em minha boca, anunciou pomposo que aquele era o dia em que ele realizaria um fetiche antigo dele: fazer sexo em um cemitério. Eu quase engasguei com o esperma, e Zélia olhou para ele horrorizada. Johnny apenas riu, o cretino adorável, e disse que depois ele realizaria um fetiche de cada uma de nós duas se fizéssemos isso por ele. Zélia estava desconfortável, mas, relutante, aceitou. Eu precisei de um gole de vinho para desengasgar antes de conseguir pensar nas milhares de objeções que eu apresentaria ao pedido dele, mas ao olhar em seus olhos – curioso, eu não consigo lembrar a cor dos olhos de Johnny – eu aceitei como se ele tivesse proposto uma ida ao teatro, tal era o magnetismo que ele exercia em mim.
Saímos do carro e fomos para o portão do cemitério. Ele estava trancado com uma corrente, mas Johnny sacou um alicate da mochila e facilmente rompeu a única barreira entre ele e seu fetiche. Ele nos guiou silenciosamente pela floresta de túmulos e lápides, iluminando o caminho com uma lanterna, até um mausoléu nos fundos da necrópole. Ele tirou da mochila outras duas lanternas, nos deu e disse para entrarmos. Silenciosas, ansiosas e excitadas, descemos as escadas com ele. O mausoléu era pequeno, com espaço para três lápides, todas ocupadas. Johnny tirou algumas velas da mochila e as dispôs de modo a iluminar o lugar. Pude ver as esculturas de anjos desfiguradas pelas sombras bruxuleantes, e por alguma razão isso aumentou meu desejo a tal ponto que pus a mão dentro das calças e comecei a me masturbar em pé mesmo, sem me importar com o lugar onde estava.
Zélia e Johnny devem ter percebido isso, pois deitaram-se em uma das lápides e ficaram me assistindo. Decidi fazer um espetáculo para eles, e o mais sensualmente que pude tirei minhas roupas e continuei a me masturbar até o orgasmo vir tão forte que minhas pernas ficaram bambas e precisei me ajoelhar. Johnny bateu palmas, satisfeito com o que vira, se levantou e me levou para a lápide onde minha amiga já aguardava com as pernas abertas, ainda com a saia mas sem a parte de cima da roupa. Apesar de ofegante com meu próprio orgasmo, agachei-me de frente a ela e comecei a lamber delicadamente seu clitóris. Enquanto Zélia gemia e massageava os próprios mamilos, senti as mãos de Johnny em meu quadril, e uma onda de prazer correu por meu corpo por saber o que viria a seguir. Ele massageou meu clitóris um pouco, e então me penetrou tão lentamente que eu poderia jurar sentir cada uma das veias de seu pênis pulsando. Eu não consegui reter um gemido de prazer enquanto ele entrava e saía de mim. Zélia pôs a mão em minha cabeça, comprimindo-a contra sua vagina e abrindo mais as pernas para que minha língua pudesse trabalhar melhor.
Aos poucos nossos movimentos ficaram mais vigorosos. Johnny se deitou sobre a lápide com Zélia sentada em seu pênis e eu, em sua boca. Minha amiga e eu nos beijávamos enquanto ele nos dava prazer. Entretanto, nosso ânimo foi demais para a velha placa de mármore, que se partiu e nos fez cair dentro do sarcófago. Após uma avaliação ligeira de danos – nenhum de nós teve mais do que escoriações leves –, Zélia começou a gritar desesperadamente quando se apercebeu do esqueleto há muito enterrado e esquecido naquele lugar. Johnny rapidamente tampou sua boca e disse que assim seu fetiche tinha ficado ainda mais completo. Pela primeira vez eu vi Johnny não como um canalha adorável e atraente, mas como uma pessoa um tanto doentia. Porém, eu estava tão excitada que não ia deixar que meros ossos impedissem aquele pênis de entrar em todos os meus orifícios corporais. Zélia se acalmou, e também concordou em continuar de onde havíamos parado.
Afastamos os ossos e os cacos do mármore da melhor maneira possível, deitei-me de modo que Zélia pudesse chupar meu clitóris e eu pudesse dar a Johnny o melhor sexo oral de sua vida. Um pouco excitado demais, ele disse que queria gozar dentro de mim mas não na boca. Ele pediu que Zélia se afastasse enquanto ele me virava de bruços e penetrava meu ânus com força. Eu segurei o grito de dor até ele terminar de enfiar aquele pênis todo em mim, e o prazer do orgasmo me tomou de tal forma quando ele ejaculou intensamente que eu não conseguia me mexer. Seu pênis ainda estava ereto quando ele terminou, então Zélia disse que seria a vez dela. Com muito custo saí de onde estava e permiti que ela assumisse meu lugar. Com minha amiga Johnny foi ainda mais brutal, enfiando tudo de uma vez e sem avisar, mas era assim que Zélia gostava. Ela teve um orgasmo instantâneo apesar da dor intensa, e Johnny ejaculou logo em seguida. Como ele conseguia esses feitos eu nunca soube.
Zélia se levantou, mole e zonza pelo orgasmo, e nós duas saímos de dentro do sarcófago para deitar no chão, tomar vinho e descansar um pouco. Johnny não saiu, mas ficou sentado enquanto nos observava nuas e ofegantes. Foi quando aconteceu. As velas apagaram imediatamente, como se um vento forte tivesse passado por ali, e as lanternas falharam. Não tinha como ser uma brincadeira de mau gosto de Johnny, pois ele foi o primeiro a gritar desesperado quando isso aconteceu. Ouvimos muitos barulhos, impossíveis de discernir por conta da acústica do lugar, mas pareciam risadas insanas e uma língua inumana entoando algum tipo de cântico macabro. Ouvimos Johnny gritar três vezes de dor e o cheiro de sangue dominou o ar. Os cânticos continuaram por um tempo indefinível, e então silenciaram. Apenas a risada insana continuava, e ouvíamos com clareza o som de algo sendo rasgado. Nossas intuições imediatamente associaram aquele som ao de carne sendo rasgada, mas não sabíamos como essa associação tinha sido feita.
Por fim a risada e os sons de carne rasgada pararam, mas não nosso suplício. Luzes negras se acenderam das velas e nos vimos rodeadas por formas translúcidas que pareciam vestir o mesmo capuz e manto ritual. Eram elas que entoavam o cântico, enquanto uma outra forma, esta em pé sobre a lápide que violamos, emitia as gargalhadas estridentes e insanas. Estávamos congeladas de medo, e assim apenas assistíamos ao vaudeville das trevas que se desenrolava à nossa frente. Depois de muito cantar, as formas translúcidas com mantos silenciaram, enquanto a forma sobre a lápide começou a vestir a carne de Johnny como se fosse uma roupa. Compreendemos imediatamente o que eram os sons de carne sendo rasgada que ouvíramos. Gritamos histericamente, mas não produzíamos sons. Conforme a forma translúcida vestia a carne de Johnny ela ficava cada vez mais sólida, ainda que seu formato fosse um pastiche da forma física do nosso amigo.
Quando a forma sobre a lápide terminou de vestir a carne de Johnny as outras formas voltaram a entoar os cânticos incompreensíveis. Apesar de nuas, Zélia e eu tentamos correr, mas descobrimos que algo nos prendia no chão. A grotesca imitação de Johnny veio em nossa direção, nos olhou, deitou sobre Zélia e tentou forçar o pênis, agora mole e sem vida, em sua vagina. Vendo que não teria sucesso nisso, ele arranhou o corpo de minha amiga como se quisesse esfolá-la viva. Satisfeito ou cansado, ele se levantou, retornou para a lápide que violáramos e se deitou. A tampa magicamente se refez, os cânticos silenciaram e as chamas das velas assumiram sua cor natural.
Não pensamos duas vezes. Ainda nuas, corremos como loucas pelo labirinto de túmulos até encontrar a saída do cemitério. O carro de Zélia ainda estava lá, e ela sangrava muito pelas agressões sofridas. Disse a ela que deveríamos ir para um hospital, mas ela se recusou. Ela pediu para ir para minha casa, já que meus pais naquela noite não estariam por lá. Aquiesci, e eu dirigi o carro até nosso destino.
Em casa tratei dos ferimentos dela o melhor que pude, mas assim que me descuidei ela pegou a navalha do meu pai e se suicidou na banheira. Não pude evitar sua morte, tampouco poderia escondê-la. Liguei para a polícia para informar que minha amiga havia sido estuprada e se suicidara, mas eles só vieram recolher o corpo pela manhã. Passei a madrugada em claro chorando, sentada nua contra a banheira.
Desde então não consegui mais sentir prazer com sexo. Sempre que um homem ou uma mulher me tocam, vem à mente imagens de Johnny, de Zélia e do ser que vestiu a carne de meu amigo, e eu invariavelmente vomito. E todo dia trinta e um de outubro eu fecho minhas janelas e cortinas, e não saio de casa após o anoitecer. Algo me diz que eles estão esperando lá fora.
Luís Fernando Carvalho Cavalheiro (mestre.cavalheiro@gmail.com) é professor de Filosofia e escritor nas horas vagas. Embora tenha algum talento para poesia e literatura fantástica, prefere escrever contos de horror. Já publicou em três antologias da Editora Andross, e concorreu a dois Prêmios Strix em 2017.
8 Comentários
Não sei como descrever esse conto, me deixou sem palavras, sinceramente 😮 Perfeito.
ResponderExcluirEsse é forte né Marcelle? Fiquei assim 😱 Quando li kkk
ExcluirNunca mais vou no cemitério, seja qual for a hora do dia kkk
Muito obrigado pelo comentário, Marcelle.
ExcluirVou recomendar esse conto para um casalzinho que eu conheço, quem sabe eles tomam juizo kkkkkk.
ResponderExcluirBrincadeiras à parte, eu tenho que dizer: eu li à noite e fiquei o tempo todo olhando para trás, com medo de ver alguma coisa kkkk.
Parabéns ao autor.
Esse conto é baseado em uma brincadeira que eu fiz com duas amigas quando tinha 16 anos. Obviamente não aconteceu a parte sobrenatural da coisa (senão eu não estaria aqui, né?), mas pode servir de incentivo pro tal casalzinho tomar juízo mesmo heheheehehehe
ExcluirMuito obrigado pelo comentário. Se você ficou olhando para trás enquanto lia, eu atingi meu objetivo com o conto.
Nunca tive desses fetiches, mas se souber de alguém vou mandar ler com certeza!! hahahah
ExcluirPorra!!!! 😨
ResponderExcluirEsse foi power né?
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